A convivência com membros da comunidade quilombola Kaonge, no Recôncavo Baiano, permite conhecer todo o processo produtivo local, como o cultivo de ostras, a produção de farinha de mandioca e o uso de ervas medicinais.
Pessoal, preciso contar que por pouco fico sem registros fotográficos dessa viagem. Eu esqueci o cabo de alimentação da bateria da máquina fotográfica. Pode uma coisa dessas? Tanta preparação e no meio de tudo esqueço o mais importante. Mas consegui fazer algumas fotos com o celular.
Por isso é sempre bom fazer um check list dos itens que precisa levar na viagem. Na próxima eu faço. Bom, continuando a programação pela Kaonge, comunidade quilombola que fica em Cachoeira (Bahia). Fomos conhecer a feitura da farinha de mandioca, item que não pode faltar no prato de qualquer nordestino que se preze.
Produção artesanal da farinha de mandioca

Essa parte foi apresentada por Raimundo, marido de Juvani, que nos levou até a casa de taipa onde fazem a farinha. Aí foi desde descascar a mandioca, moer, transformar em goma e secar no forno. Um trabalhão que leva horas, mas que, segundo ele, foi o que ajudou a criar os dez filhos ao lado da mulher. Hoje, Raimundo é o responsável pelo bar.
Nossa! Não posso deixar de falar da Valdê. Ela nos contou os segredos das ervas usadas para a produção do xarope que cura a tosse e da água de cheiro feita de rosas. Mais cedo, eu já tinha encontrado com ela varrendo o terreiro de sua casa, cheia de disposição, mas o que mais me chamou a atenção foi quando a chamaram e ela saiu correndo, literalmente!
Por que conto isso? Pelo simples fato de ela ter 92 anos!!! Disse que nunca foi ao médico e que não tem nenhum problema de saúde. Às vezes sente uma dor de cabeça, toma um remédio e pronto.
Cultivo de ostras na Comunidade do Dendê
Na parte da tarde do sábado, a Joka nos levou para a comunidade do Dendê para conhecer o cultivo de ostras, sob o comando de Nico. Ele descreveu em detalhes como é realizado o cultivo e manejo dos moluscos e como todos da comunidade trabalham juntos para que tudo aconteça.
Depois, eles nos levaram para ver os criadouros e tivemos que atravessar um lamaçal para entrar no barco. Pura diversão de cai, não cai, escorrega e ri. Conselho: leve um par desses sapatos para mergulhar, porque a lama é misturada com pedaços das conchas das ostras e pisar nisso dói muito. Independente disso, pudemos observar de pertinho as ostras dentro das gaiolas sobre as ripas de bambu.
Patrimônio compõe cenário de Novela

São tantos detalhes para contar sobre essa estadia… Enfim, no domingo nos levaram à Vila de São Francisco do Paraguaçu para conhecer o Convento Santo Antônio do Paraguaçu, datado de 1686. À beira do rio, a construção de pedra e cal é belíssima, mas dá para ver claramente que falta manutenção e preservação.
Infelizmente, estava fechado e não pudemos entrar. Mas Anderson e Pina nos contaram que o local foi cenário da novela global “Velho Chico”. Logo ao lado do Convento, rapazes e moças se refrescavam no rio Paraguaçu, se atirando de um píer de cimento e aproveitando o domingo de sol e calor.
Esmola Cantada

Na volta para a comunidade quilombola Kaonge, tivemos a notícia de que a procissão “Esmola Cantada” já estava quase chegando. Um grupo de devotos de São Roque caminhava debaixo de um Sol escaldante com seus instrumentos musicais e muita energia, passando pelas outras comunidades do entorno.
Bem que nos convidaram para segui-los, mas preferimos aguardar ali mesmo. Esses devotos de São Roque, padroeiro de Engenho da Ponte (Bahia), fazem o trajeto para angariar dinheiro para a festa em homenagem ao santo, que acontece em fevereiro.
O ritual consiste em levar a imagem do santo de casa em casa. Os donos da casa recebem os cantadores e o santo com muita reverência. É bonito de ver a emoção do pertencimento ao lugar e a preservação da cultura. Neste dia, três professores da Universidade Federal da Bahia estavam lá filmando e documentando a procissão.
<p value="<b>DICA:</b> Para agendar visitas à Comunidade Quilombola Kaonge, procure pela DICA: Para agendar visitas à Comunidade Quilombola Kaonge, procure pela Rota da Liberdade, com Andreza Viana. Fone (05571) 996.071.452/ E-mail rotadaliberdade.turismo@cecvi.org.br.Referências:

- Crédito fotos: Regina Rocha Pitta. @direitos reservados
- A viagem de Regina à Bahia aconteceu em Janeiro de 2018 (foto). Todas as despesas foram custeadas por ela.