Saiba o que mudou em aeroportos brasileiros para reduzir riscos de contágio do novo coronavírus durante viagens. Ações adotadas em Guarulhos e Viracopos (SP).

Após meses de isolamento, muita gente já planeja fazer uma viagem quando a pandemia de Covid-19 passar. Contudo, ainda há muitas dúvidas sobre os riscos de contágio, especialmente em viagens de avião.

Então, depois de saber o que as companhias aéreas estão fazendo para tornar as viagens de avião mais seguras, fomos buscar informações sobre as mudanças nos aeroportos brasileiros.

Já que muitas vezes a gente passa até mais tempo em aeroportos do que nos aviões, ficamos imaginando como será circular por corredores, banheiros, filas e salas de embarque em tempos de coronavírus.

Como já explicamos em publicação anterior, desde o início da pandemia a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vem editando normas técnicas para a prevenção à Covid-19 em portos, aeroportos e aeronaves.

Assim, com base nas recomendações da Anvisa, perguntamos a dois dos principais aeroportos do estado de São Paulo e do País, os internacionais de São Paulo (em Guarulhos) e de Viracopos (em Campinas), o que mudou em seus ambientes e procedimentos para reduzir os riscos de transmissão do novo coronavírus e proporcionar mais segurança aos viajantes.

Câmeras no aeroporto em Guarulhos detectam passageiros com febre

  • Monitores mostram temperatura corporal em aeroporto de Guarulhos
  • Câmeras ficam no teto em aeroporto internacional de São Paulo
  • Câmeras captam temperatura corporal em aeroporto em Guarulhos
  • Coronavírus: o que mudou nos aeroportos. Placa informa sobre aferição de temperatura corporal

Desde 1º de Maio, câmeras de infravermelho detectam a temperatura corporal de todos os passageiros antes de embarcarem no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP).

Essas câmeras foram instaladas no teto dos saguões dos Terminais 2 e 3, antes do acesso aos portões de embarque. Então, o objetivo é contribuir com a identificação de possíveis infectados e evitar a contaminação de outros passageiros, tripulantes e funcionários.

Mas antes, do final de Março até 30 de Abril, os passageiros que desembarcaram em Guarulhos é que tiveram a temperatura aferida.

Segundo a Assessoria da Gru Airport, responsável pela administração do Aeroporto, a mudança desse procedimento do desembarque para o embarque, a partir de 1º de Maio, deve-se ao “entendimento de entidades internacionais de que o ideal é que a aferição de temperatura seja no embarque, para que a pessoa tenha consciência de seu estado de saúde antes de viajar”.

Além disso, “durante o próprio voo e ao chegar ao destino, ela também encontrará suporte”, explica a Assessoria. No entanto, como poucos aeroportos brasileiros dispõem dessa tecnologia e não há entre todos eles um protocolo comum, muitos passageiros acabam embarcando e desembarcando sem qualquer controle sanitário.

Coronavírus: falta de unificação prejudica controle nos aeroportos

Coronavírus: oferta de álcool gel é algo que mudou nos aeroportos brasileiros
Totem com álcool em gel no Aeroporto de Florianópolis (SC). Foto: Letícia Costa

Como exemplo, temos o depoimento de uma cliente da Embarque40Mais Viagens, a Letícia Costa. Ela voou de Florianópolis (SC) a Guarulhos (SP), no dia 11 de Junho, e não passou por qualquer controle sanitário no embarque e nem no desembarque.

Isso aconteceu porque, ao contrário de Guarulhos, o aeroporto de Florianópolis faz esse controle de temperatura e de outros sintomas de Covid-19 somente no desembarque.

A Gru Airport acrescenta que a aferição de temperatura não é uma determinação da Anvisa nem da OMS (Organização Mundial de Saúde).

De fato, a recomendação da Anvisa é que a triagem por temperatura em aeroportos não seja utilizada como parâmetro único, devido à sua eficácia incerta. Isso porque pessoas sem febre durante período de incubação ou sob efeito de antitérmicos podem não ser detectados.

Dessa forma, essa incoerência entre medidas de controle sanitário em aeroportos brasileiros acabou chegando ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A disputa ocorreu entre o governo federal e os governos dos estados da Bahia e do Maranhão. Os estados foram impedidos de implantar barreiras para aferir a temperatura de passageiros e inspecionar equipamentos e aviões vindos de lugares atingidos pela Covid-19.

STF ressalta importância de política nacional uniforme contra Covid-19

Por fim, o Supremo decidiu que cabe à União, por meio da Anvisa, o controle sanitário da Covid-19 nas áreas restritas dos aeroportos, aquelas destinadas somente aos passageiros, como salas e portões de embarque.

A justificativa da decisão, conforme publicado no site da Anvisa em 16 de Abril, é que barreiras sanitárias nessas áreas poderiam gerar aglomerações e aumentar o risco de contaminação.

A decisão judicial também ressaltou a importância da adoção de uma política nacional uniforme e coordenada para o enfrentamento da Covid-19.

Mas bem antes, em 23 de Março, a Anvisa afirmou que “os gestores estaduais, municipais e distritais que tenham interesse em aplicar a aferição de temperatura nos aeroportos devem garantir pessoal e meios próprios” (Nota Técnica nº 30). Isso inclui as ações de triagem, avaliação clínica e encaminhamento de casos suspeitos à uma unidade de saúde.

Confira, a seguir, o que mais mudou para prevenir o contágio do coronavírus nos aeroportos internacionais de São Paulo e de Viracopos.

Coronavírus: o que mais mudou no aeroporto em Guarulhos

Desinfecção de todas as superfícies passíveis de contato no Aeroporto Internacional de São Paulo é uma das mudanças para evitar contágio de coronavírus
Elevadores, sanitários e tudo que pode ser tocado são desinfetados em Guarulhos

A tecnologia também está presente em outras mudanças para prevenir a transmissão do novo coronavírus no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Um bom exemplo é a luz ultravioleta, para esterilização automática dos corrimãos de escadas.

Isso porque esses corrimãos são os das escadas com maior circulação: Terminal 2, desembarque leste para o check-in E, e na esteira de interligação do Terminal 2 para o Terminal 3. Também foi disponibilizado um QR-Code com recomendações da Anvisa para o combate à Covid-19.

Então, essas imagens, que podem ser decodificadas com o leitor de código de barras do celular, são encontradas em vários locais do aeroporto, como nos ônibus que circulam entre os terminais.

A Gru Airport também realiza a desinfecção, por meio de nebulização, em áreas comuns dos Terminais 2 e 3. Isso inclui corredores, balcões, escadas fixas, elevadores, piso, sanitários e todas as superfícies passíveis de contato.

A mesma prática será adotada no Terminal 1 quando forem retomadas as operações no local. Também vale mencionar a disponibilização de lixeiras exclusivas para o descarte de materiais infectantes, como máscara e luvas.

E a capacidade máxima dos ônibus para transporte de passageiros no aeroporto foi reduzida em 35%. Contudo, a recomendação da Anvisa é de que essa lotação não seja superior a 50% da capacidade dos veículos (ônibus e microônibus).

A Gru Airport disponibiliza em site oficial todas as informações sobre as suas medidas de prevenção ao coronavírus.

Aeroporto de Viracopos tem desinfecção constante em áreas de embarque

Coronavírus: limpeza constante mudou rotina em aeroportos
Limpeza constante de áreas de embarque em Viracopos. Foto: Viracopos/ Divulgação

Desde o dia 2 de Julho, o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), realiza a desinfecção constante do terminal de passageiros e dos ônibus que transportam os passageiros até as aeronaves.

O procedimento, que também inclui os carrinhos de bagagem, deve ser realizado pelo menos três vezes ao dia, sempre antes dos horários de maior movimentação de passageiros.

Desse modo, o objetivo é reduzir os riscos de transmissão de Covid 19 diante da perspectiva de retomada gradual de voos por parte das companhias aéreas.

Entre outras mudanças para reduzir os riscos de contágio do coronavírus, adotadas pelo Aeroporto, destacam-se a realocação de portões para as operações de embarque e desembarque, garantindo maior distância física entre voos; e a retenção de passageiros no hall de acesso em caso de impontualidades na malha aérea.

Assim, outra medida importante é a redução na lotação máxima dos ônibus utlizados para o deslocamento de passageiros dentro do aeroporto, de 65 para 30 passageiros por viagem. Essa mudança atende a recomendação da Anvisa, de que a lotação máxima seja de 50% da capacidade.

No site oficial, é possível conferir todas as 33 medidas de prevenção à Covid-19 já adotadas no Aeroporto de Viracopos.

O que mudou nos aeroportos: Avisos sonoros informam sobre prevenção ao coronavírus

Interessante e oportuna essa via de comunicação com passageiros, que vem sendo utilizada nos aeroportos internacionais de São Paulo (Guarulhos) e de Viracopos: os avisos sonoros, conforme recomendado pela Anvisa.

Sabe aquelas chamadas para os voos anunciadas nos alto falantes dos aeroportos? Então, agora entre esses avisos também estão informações sobre prevenção e cuidados para evitar a transmissão do novo coronavírus em aeroportos e aviões.

Em Guarulhos, essas informações também são veiculadas por meio de vídeos, em monitores localizados em pontos estratégicos do aeroporto.

Além disso, os sites e redes sociais dos aeroportos em Guarulhos e Campinas (Viracopos), como Facebook e Instagram, também vêm sendo utilizados para divulgar informações e responder dúvidas de passageiros.

Outra coisa que mudou é o uso de máscara de proteção facial por todos nos aeroportos e durante os voos, que passou a ser obrigatório, para evitar possível contágio por coronavírus.

Entre outras mudanças nos aeroportos para prevenção à Covid-19 estão o abastecimento constante de dispensadores de álcool gel em pontos com maior movimentação de passageiros; adequação, maior frequência e análise constante dos procedimentos de higienização, tudo conforme as recomendações da Vigilância Sanitária.

Coronavírus: como fica o distanciamento nos aeroportos

  • Adesivos em piso marcam distância entre passageiros em aeroporto
  • Coronavírus: distância entre assentos é uma das mudanças em aeroportos

Desde o início dessa pandemia, sabemos que o distanciamento entre as pessoas é uma das formas mais eficazes de evitar a transmissão do novo coronavírus. Por isso, medidas relacionadas estão entre as principais recomendações da Anvisa às administradoras dos aeroportos.

Conforme a Nota Técnica 101/2020, de 16 de Maio, a circulação de pessoas nos terminais dos aeroportos deve ser organizada de forma que a distância entre elas seja de dois metros. Isso serve para as filas ou salas de espera, especialmente para os procedimentos de check-in, embarque e desembarque, conforme a seguir:

  • Adotar medidas que garantam o distanciamento entre viajantes nas salas de espera, como o bloqueio de assentos adjacentes, realocação de cadeiras com maior espaçamento, etc;
  • Adotar medidas que evitem a aglomeração de pessoas na área de desembarque, especialmente na área do “cercadinho” logo após o desembarque da área restrita.

No Aeroporto de Viracopos, o distanciamento de dois metros foi respeitado na demarcação das posições de fila de espera. Já os assentos das salas de embarque foram marcados para garantir a distância de 1,5 metro em média entre cada passageiro.

A Gru Airport informa que colocou adesivos no piso, com orientação sobre o distanciamento de dois metros. Essa sinalização foi feita nos locais de inspeção para embarque (raio-X) e imigração no Aeroporto em Guarulhos.

Distanciamento dentro de aviões não é garantido por Companhias

Aí a gente pensa: mas e o distanciamento dentro do avião, como é que fica? Embora a Anvisa também recomende o distanciamento entre passageiros durante os voos, as companhias aéreas não estão obrigadas a cumprir.

Então, conforme publiquei na minha coluna em ACidadeOn Campinas, as principais Cias com operação no Brasil afirmaram que, sempre que possível, os passageiros seriam alocados deixando assentos vagos entre eles.

No entanto, depoimentos de pessoas que viajaram recentemente pelo Brasil indicam que essa possibilidade de distanciamento dentro das aeronaves tem sido exceção e não regra.

Aeroportos devem garantir troca de ar dos ambientes

Coronavírus: o que mudou nos aeroportos. Renovação do ar nos ambientes é fundamental
Renovação do ar nos ambientes é fundamental para reduzir riscos de contágio

A Anvisa faz algumas recomendações para ações de prevenção à transmissão do novo coronavírus diretamente às administradoras dos aeroportos.

Entre essas recomendações destacam-se as relacionadas à garantia da qualidade do ar nos espaços fechados. Ainda mais quando praticamente todos os espaços dos aeroportos são climatizados, ou seja, possuem sistemas de ar condicionado.

Como a gente sabe, os aparelhos de ar condicionado são utilizados para resfriar ou aquecer os ambientes. Só que, se não conservados adequadamente, podem se tornar fontes de contaminação por vírus e bactérias.

Mas antes, é bom esclarecer que existem basicamente dois tipos de aparelhos de ar condicionado. Há os que promovem a troca do ar interno pelo externo e os que apenas promovem a recirculação do ar interno (como os “splits”).

Assim, a Anvisa recomenda que seja priorizada a renovação de ar externo em relação à recirculação do ar interno. Portanto, em ambientes que contam apenas com aparelhos que fazem a recirculação do ar interno, portas e janelas devem permanecer abertas.

Também é recomendada pela Agência maior frequência na limpeza e manutenção dos equipamentos de ar condicionado. No entanto, destaca que o sistema de climatização não irá eliminar a presença do vírus no ambiente apenas pela filtragem ou controle de umidade e temperatura.

Por isso, é fundamental que a renovação do ar dos ambientes seja a máxima possível, mesmo que gere custos mais elevados com o consumo de energia.

Já as Cias aéreas que operam no Brasil garantem que os filtros do ar condicionado dos aviões retiram 99,7% dos vírus e bactérias.

O que dizem os aeroportos sobre a qualidade do ar nos ambientes

A Gru Airport, administradora do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informa que os terminais de passageiros, salas vips e outras áreas do aeroporto são “oxigenados com 100% de tomadas de ar externo”.

Eles também aumentaram a frequência de substituição dos filtros dos equipamentos de ar condicionado e estão fazendo a manutenção preventiva. Essa manutenção inclui a retirada gradual das serpentinas de toda a estrutura de ventilação para sanitização com produtos químicos.

Já a Assessoria da Aeroportos Brasil Viracopos, responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas-SP), informa que a troca de ar dos ambientes passou a ser “mais constante” e a troca de filtros dos aparelhos de ar condicionado (para eliminação de poeira e resíduos) passou a ser diária.

“​Nos equipamentos de ar condicionado fazemos a limpeza das bandejas e serpentinas com produtos químicos para eliminar bactérias”, acrescenta.

Impacto da pandemia e expectativas de retomada das viagens de avião

Aviões no Aeroporto Internacional de São Paulo
Companhias aéreas começam a retomar voos de forma gradual

Depois de meses com drásticas reduções nas operações de transporte de passageiros, devido à pandemia de Covid-19, os aeroportos brasileiros começam a registrar pequeno aumento, indicando uma tendência de retomada lenta e gradual.

No Aeroporto de Viracopos, a média no número de voos diários de passageiros passou de 330 operações (pousos e decolagens) para apenas 34 em Março.

Já em Maio, subiu para 72, e em Junho para 84 pousos e decolagens por dia. Para Julho, a previsão é de que o movimento diário chegue a 130 pousos e decolagens.

No Aeroporto Internacional de São Paulo, o maior aeroporto da América do Sul, a redução das operações (pousos e decolagens) foi em média de 85%.

Até Fevereiro, o número de passageiros que embarcaram ou desembarcaram em Guarulhos era de 120 mil por dia, enquanto em Maio ficou na média dos 15 mil.

A Gru Airport informa que está em constante negociação com as companhias aéreas nacionais e internacionais para que as operações sejam retomadas gradualmente.

Contudo, é importante acrescentar que o planejamento de retomada dos voos é de responsabilidade das companhias aéreas e muitas delas já vêm anunciando isso nas últimas semanas.

Para mais informações, consulte seu agente de viagens. Mas, se ainda não tiver um profissional de sua confiança, pode contar com os serviços da nossa agência, a Embarque40Mais Viagens!

Referências:

  • Texto “Coronavírus: o que mudou nos aeroportos para reduzir riscos de contágio” redigido e editado pela jornalista Michele da Costa, autora do Embarque40Mais.
  • Com informações e imagens fornecidas pelas Assessorias de Imprensa e/ou disponíveis nos sites oficiais dos aeroportos mencionados e da Anvisa.