Foi a primeira vez que visitei a Bienal de São Paulo, a maior exposição de artes do hemisfério sul. Aliás, minha primeira bienal da vida! Rs. Embora percorrer todas as sete mostras coletivas e doze individuais dessa 33ª edição tenha sido puxado, especialmente para uma iniciante que praticamente nada “entende de arte”, também foi compensador! Mas, pelo que pude apreender dessa e de outras experiências, concluo que arte é para ser sentida e que ninguém deve privar-se dela.
Não é necessário ter estudado, lido livros de arte, visitado os principais museus do mundo ou conhecer os clássicos para compreender uma obra de arte. Porque essa compreensão é fruto de como nos sentimos quando estamos diante dela, uma experiência pessoal, portanto. Penso que esse é (ou deveria ser) o maior propósito da arte, não uma forma de autoafirmação exibicionista do artista. E fiquei feliz em ver que a proposta dessa edição da Bienal de São Paulo compactua com isso.
Afinidades Afetivas da 33ª Bienal de São Paulo

“No cerne desta edição há um desejo de reafirmar o poder da arte como lugar único para concentrarmos a atenção no mundo e em favor do mundo…”- Gabriel Pérez-Barreiro, curador geral da 33ª Bienal de São Paulo
“… Se pudermos pensar na arte e em suas exposições essencialmente como experiências, e não como declarações, talvez possamos imaginar uma Bienal em que os artistas, curadores e espectadores são tratados como iguais, todos capazes de construir suas próprias afinidades afetivas com a arte e com o mundo além dela”, explica o curador geral em texto sobre a 33ª Bienal de São Paulo, denominada “Afinidades Afetivas”.
A forma como essa edição da Bienal de São Paulo foi estruturada contribui para o sucesso da proposta. As sete mostras coletivas foram elaboradas com total liberdade para cada um dos seus artistas curadores, que convidaram outros artistas de sua escolha para compor suas afinidades afetivas. “A diversidade de metodologias curatoriais resultante é inteiramente intencional”, conclui Pérez-Barreiro.

Hidden Sun/ Sol oculto, 2018, de Zilvinas Landsbergas, na 33ª Bienal de São Paulo
Para as outras doze mostras individuais ele escolheu artistas que considera notáveis, entre os quais exposições póstumas de Lucia Nogueira, Aníbal López e Feliciano Centurión. O curador geral entende que eles foram “fundamentais nos anos 1990, mas não receberam a atenção merecida na história da arte recente”. Outro destaque dessa edição é o caráter educativo, que foca na atenção.
“Estamos apenas começando a entender o impacto catastrófico das mídias sociais em nossas vidas interpessoais e políticas. A nossa atenção se tornou o principal produto que as plataformas “livres” tentam revender, enquanto continuam a seduzi-la em nossas horas de vigília”, avalia Pérez-Barreiro. De fato, observei aspectos lúdicos e interativos em vários espaços.
Minhas afinidades afetivas com a 33ª Bienal de São Paulo

Da minha experiência, posso dizer que foi um bom aprendizado, não só da forma como ver a arte, mas como me ver em relação à arte. Acho que me ajudou a começar a quebrar certo preconceito em relação à arte contemporânea, que muitas vezes me pareceu confusa e sem sentido. Começo a perceber que para ser apreciada uma obra não precisa ser vista como algo “esteticamente belo” que poderia ocupar algum espaço da nossa casa, mas apenas despertar sentimentos em quem a observa.
Eu tive sentimentos muito variados vendo as obras expostas na 33ª Bienal de São Paulo, da angústia e medo à inquietude e alegria. Também gostei muito de ver estilos e origens tão variados, já que a exposição reúne trabalhos de artistas de diferentes nacionalidades. É como se tivessem juntado um pouquinho da cultura de cada país ali representado.

Quando for à Bienal, veja também o Parque Ibirapuera!

E você, quais foram ou serão suas afinidades afetivas com a Bienal? Se já foi, conte pra gente nos comentários! Se não, permita-se essa experiência! Eu recomendo, mas se quiser ver esta 33ª edição, apresse-se, pois só vai até 9 de Dezembro! Demos a dica na Agenda Cultural de Novembro. Sem contar que o Ibirapuera é lindo, cheio de verde e arte para tudo que é lado, das linhas sinuosas de Niemeyer, aos museus, até grandes monumentos.
Desta vez, também fomos ao Museu Afro Brasil justamente no Dia de Zumbi e da Consciência Negra (20 de Novembro), o que tornou a visita mais especial! Conto sobre isso em outro post, em breve.. Saiba mais sobre o que ver no Parque Ibirapuera no site oficial. Ah, tem mais fotos da nossa visita à Bienal de São Paulo na Galeria, ao final da página. Espia!
Algumas curiosidades sobre a Bienal de São Paulo

- A primeira edição da Bienal de Artes de São Paulo aconteceu em 1951.
- O prédio da Fundação Bienal foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
- A área expositiva do prédio da Fundação Bienal, que abriga a Bienal desde 1954, possui 30 mil m2.
- A Fundação Bienal abriga o maior arquivo histórico sobre arte moderna e contemporânea da América Latina.
- Em 2016, a Bienal de São Paulo foi visitada por 900 mil pessoas.
- 103 artistas expõem aproximadamente 600 obras na 33ª Bienal de São Paulo (2018).
- Os artistas curadores da 33ª Bienal de São Paulo são Mamma Anderson (Suécia); Antonio Ballester Moreno (Espanha); Sofia Borges (Brasil); Waltercio Caldas (Brasil); Alejandro Cesarco (Uruguai); Cláudia Fontes (Argentina); e Wura Natasha Ogunji (USA).
Como e quando visitar a Bienal de São Paulo:

ONDE: Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão Bienal), no Parque Ibirapuera, acesso pela Avenida Pedro Álvares Cabral (Portões 3 e 4), cidade de São Paulo (SP).
QUANDO: A cada dois anos, entre os meses de Setembro e Dezembro. A 33ª edição vai de 7 de Setembro a 9 de Dezembro de 2018. Terças, quartas e sextas-feiras; domingos e feriados, das 9h às 19h (entrada até 18h). Quintas-feiras e sábados, das 9h às 22h (entrada até 21h). Obs.: Não abre às segundas-feiras.
QUANTO CUSTA: Entrada gratuita.
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Nossas dicas para visitar a Bienal de São Paulo

O que usar e levar
Use calçados e roupas confortáveis: a exposição toda está dividida em três grandes pavimentos que a gente pode levar de duas a três horas para percorrer. Leve uma garrafinha de água para se hidratar durante a visita. Afaste-se das obras quando for beber. Não é permitido entrar com alimentos e outras bebidas.
Acessibilidade
Os acessos aos pavimentos superiores pode ser pelas rampas ou elevadores (para pessoas com mobilidade reduzida).
Guarda Volumes
Se estiver com sacolas, malas ou mochilas, terá que deixar em um dos guarda-volumes, ao lado das entradas do Pavilhão. O serviço é gratuito.
Alimentação
Para tomar um cafezinho, busque outro local fora do prédio da Bienal. O expresso servido no Café deles é caro (R$ 6 a unidade), fraco e a quantidade é irrisória (um terço de um copinho médio).
Se for percorrer outros espaços do Parque Ibirapuera, leve um lanchinho ou prepare-se para gastar mais que a média e não comer bem nas lanchonetes que ficam dentro do parque. Comemos lanches, refrigerantes e salgados e não aprovamos a qualidade.
Tem também um restaurante dentro do Museu de Arte Moderna (MAM), mas não experimentamos nem consultamos os preços; e os ambulantes credenciados, que vendem bebidas, salgadinhos e doces industrializados.
Mobilidade
Se possível, prefira fazer a visita em um dia útil, que é mais tranquilo. Fomos no feriado do dia 20 de Novembro e tivemos dificuldade para encontrar vaga para estacionar. O estacionamento dentro do parque funciona como Zona Azul, então se for ficar mais de 4 horas, tem que trocar o carro de lugar e pagar novamente nas cabines próximas aos portões de entrada (3 e 7).
O portão para acesso a estacionamento mais próximo da Bienal é o 3. O valor é R$ 5 para cada 2 horas. Se morar em São Paulo, prefira ir com transporte público. Achamos que faltam placas de orientação aos pedestres. Vimos apenas dois mapas do parque em pontos distantes. Para chegar a alguns locais, tivemos que pedir informações a seguranças e ambulantes.
Se tiver tempo e disposição, alugue uma bicicleta e dê uma volta pelo parque. Observei pelo menos dois serviços de locação de bikes no local: as amarelas e as verdes. Para alugar as amarelas é preciso baixar um aplicativo e pagar com cartão de crédito; o custo é baixo e o legal é que pode deixá-las em qualquer lugar da cidade depois de usar.
Mais fotos da nossa visita à Bienal de São Paulo
Eu e Wilson Lima na 33ª Bienal SP Exposição de Alejandro Cesarco. 33ª Bienal SP Obras de Feliciano Centurión. 33ª Bienal SP Exposição de Sofia Borges. 33ª Bienal SP “Dragão” (2015), obra de Ana Prata. 33ª Bienal SP “Sem título” (2017), obra de Vânia Mignone. 33ª Bienal SP
Referências e observações
- Com informações da Fundação Bienal, disponíveis no site oficial.
- A foto destacada, no início do texto, é de autoria de Wilson Lima, da exposição coletiva da artista curadora Cláudia Fontes, intitulada “O pássaro lento”. Trata-se de um enigma a que o espectador/ leitor é convidado a desvendar. Os cacos de cerâmica etiquetados remetem ao conto policial O Mistério de Quarto Fechado, de Pablo Martin Ruíz.
- Todas as outras fotos deste post foram feitas pela autora do blog, Michele da Costa, durante a visita à Bienal de São Paulo, no dia 20 de Novembro de 2018.
A Bienal de Artes de São Paulo é MUITO legal, faz vários anos que não consigo ir, mas tenho saudade… arte até não poder mais!
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Também achei, Gabriela. Foi uma experiência e tanto. Espero repetir. Planeje sua vinda ao Brasil para a próxima! Bjs
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Eu nunca visitei a Bienal, não sei o porquê, acho fui deixando passar… que legal, gostei bastante das dicas.
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Sabe que eu também não tinha aquela vontaaaade visitar, mas me surpreendi e recomendo!
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